sexta-feira, 21 de setembro de 2007

FULANO, BELTRANO E SICRANO E O TEMPO

Fulano, cambaleante e paulista,
Atravessava a pista;
Bebera outra vez.
Tropeçava nas guias, pernas e vias
Vítima da embriaguez.
As idéias turvas, obscuras e nauseantes,
Ameaçavam sair pela boca a qualquer instante.
A bebida arrancara seu juízo,
Desvanecera seu equilíbrio
E nos transeuntes provocava risos.

Fulano não sabia, Beltrano não via, Sicrano se escondia...

Fulano, pai de família,
Bebia noite e dia
Sempre se metia em frias
Freqüentava a delegacia.
Esbravejava com o delegado:
- Doutor, não sou culpado!
E que não sabia o que fazia
Que aquilo tudo era covardia.
Acordava ao meio-dia
À noite não dormia.

Fulano não sabe, Beltrano não vê, Sicrano se esconde...

Ah Fulano! Um tremendo fanfarrão.
Oferecia pinga de alambique aos santos,
Aos anjos da guarda dava um trabalhão
Enquanto a mulher queixava-se aos prantos.
O vício era um indício
De algo estava errado
No fundo de um copo raso
As alegrias tinham prazo.

Fulano não saberá, Beltrano não verá, porque Sicrano se esconderá...

Fulano estava pele e osso
Afogava-se num copo cheio de mágoas
Chegara ao fundo do poço
Mas não havia água.
Fulano, então
Perdera a razão
Dizia para si mesmo
(“Não quero mais viver, não!”
“Viver pra quê?!”)
Esta indagação, a fulano, que também era João
Ninguém soube responder.

Fulano é alguém,
Beltrano e Sicrano também
João Ninguém.
Assim, haja o que houver...
Etcétera, etcétera e tal.
A Sorte escolhe quais-quer*
Esqueçam o plural!.

NOTA*: O hífen no quaisquer é proposital. Evitem acidentes ortográficos; façam de propósito;]


ADENDO – AGRADECIMENTOS, AFINS E POESIA

Pensei em postar os seguintes versos:”batatinha quando nasce, esparrama pelo chão. Menininha quando dorme, põe a mão no coração”. Todavia, pareceram-me familiares. Muito familiares. Desisti da idéia!^^’(risos)Não costumo escrever poemas. Embora trechos de meus contos exibam rimas e rítmica, não premedito; são versos ocasionais, quiça”acasoniais”!(risos)Este poema foi escrito de improviso. A literatura de Cordel, a verve poética Drummondiana e minha incompetência com os versos, serviram de base para sua construção. A métrica é imperfeita. Diverti-me com minha inexperiência estética durante o processo. Preciso praticar bastante. A estética empregada na poesia exige uma sensibilidade e disciplina absurdas. A imagem utilizada chama-se”Some Sad Guy” e pertence a galeria de Sally. Além de escrever poemas belíssimos, ela é capaz de criar o que denominei”Poesia Visual”. Gosto muito da ilustração. Ela expressa uma melancolia pungente, perturbadora e fascinante. O traço de Sally é extremamente criativo e, sobretudo, tocante(vide”The Dancer Without Legs” – agora inexplicavelmente renomeada como”Dancer”¬¬)Exagero? Hmm...Talvez. Desculpem-me. Minha admiração pela obra dela desconhece aquilo que chamam de”bom senso”. E dizer que ela faz tudo isso entre um milk shake, uma trufa de amarula e outra(esqueci alguma coisa, HONEY-you-are-ROCK?!rsx)Muito obrigado”mais uma vez”, Nah:)

P.S: Di’stante é apreciador incondicional do poeta lusitano Fernando Pessoa. Enquanto eu, um sonhador passional, continuo ano a ano sonhando à toa.
Para maiores informações sobre poesia visual visitem:http://www.saaally.deviantart.com/gallery/?offset=0