Dominique sexta-feira, 23 de maio de 2008
AMÔRNICA: Mortis!
Dominique quinta-feira, 22 de maio de 2008
AMÔRNICA
Xavier nasceu num Xavier e Yai moravam num apartamento de 20 metros quadrados, uma caixa de fósforos, alugada por Xavier e escolhida por Yai. Viviam encubados. Não tinham dinheiro para um isqueiro. Yai decorara-o com penduricalhos geométricos, mobília seminova ou quase nova, feita com madeira rústica, à prova de fungos e cupins de todas as espécies – até uma africana dissera a vendedora quando Xavier assinou a folha de cheque. Além de carpetes persas falsificados, espelhos e abajures e um sofá-cama na sala. Yai tinha sonhos. Mas isso não bastava. Precisava de algo que funcionasse na vida real. Talvez seus sonhos fossem grandes demais, não coubessem no possível. Yai não sabia, sonhava!. Dizem que uma mentira contada muitas vezes, se transforma numa verdade. Yai imaginava quantas mentiras seriam necessárias para se criar uma realidade. Ela não entendia. Não se importava com o que os outros pensavam. O que não pensavam parecia-lhe mais importante. Embora aquilo não fizesse sentido, ela sentia!. Xavier tinha um chevrolet vermelho 78. E um plano B que ainda não conhecia, mas usaria se o A não desse certo. Trabalhava numa funerária, ali mesmo, apenas algumas quadras do apartamento e o cemitério municipal. Fora corretor de apólices de seguros, carros e imóveis no passado. O novo emprego não era tão diferente do antigo. Tinha experiência com vendas afinal. O Sr. Sam Hain, dono da funerária, gostava dele e já estudava a possibilidade de uma aposentadoria. Deixaria que Xavier cuidasse de sua galinha dos ovos de ouro.
sexta-feira, 9 de maio de 2008
SOBRE ANNA: Do Lado de Fora.
A Sra.Gossip estava -
- Iodés...Ah, Iodés! – repetia
quinta-feira, 1 de maio de 2008
SOBRE ANNA: Uma Colher de Sopa e Filosofia.
A árvore no quintal estava morta. Esperava o início da primavera para ressuscitar. Ela levaria as folhas secas do outono embora, traria flores e tingiria de amarelo outra vez a abóboda cinzenta de Anesthesia. Todavia ela não chegava. Por três longos anos Marlene Gossip esperava sua chegada. Ela não vinha. Os lábios murchos esboçavam uma frustração inequívoca. Era o sinal. O inverno seria mais longo outra vez – precisaria de lenha, boas garrafas de vinho, chocolate, malte, calmantes, prozac e algumas doses extras de paciência. Na árvore a Sra.Gossip talhara com uma faca de cozinha a palavra ”Sperantia”. Retirou a palavra de um dicionário de latin, cheio de páginas amareladas, com parte da capa dura arrancada, mas que ainda mantinha intacto os verbetes escritos em letras maiúsculas. Convencera o supersticioso atendente da biblioteca de Anesthesia a vender-lhe sem muita resistência. A Sra.Gossip gostava de ler durante as refeições. Não era raro vê-la com uma colher de sopa na mão direita, um volume encadernado na esquerda, e óculos, cujas a lentes de lupa faziam frente a Scotland Yard, saboreando aspargos e idéias com satisfação. Lia Sócrates, Platão, Aristóteles, Anaximandro, Heráclito, Empedócles, Demócrito, Xenófanes e todos aqueles filósofos e poetas gregos com nomes esquisitos e difíceis de pronunciar. Queixava-se pela falta de elegância nos autores contemporâneos. Nada lhe agradava.”Vulgar, mórbido, melancólico, romântico demais, um horror!” – dizia.
