Diga a Prenda que mandei lembranças. Sei que tu não é pombo-correio nem um daqueles garotinhos que entregam correios elegantes em festas juninas, mas faça-me esse favor. Prenda, queria te enviar um poema embrulhado num eletrocardiograma. Sei lá. Loucura. Bobagem. Besteira. Coisa de gente boba e besta. Não dá pra fazer isso aqui (ainda). Também não posso te dar meu coração: o eletrocardiograma é apenas uma nota promissória.
quinta-feira, 7 de julho de 2011
PRENDA
sábado, 14 de novembro de 2009
AZEDU-ME
Chovera monotorrencialmente. A noite recolhia as nuvens desgarradas que restavam no céu. Um sopro de prosa ajudaria a desanuviá-lo: Ela. Branca, bela, loura, linda, moça, louca - ela assim-assaz, chupando limão com sal e lhe dizendo coisas doces. Mentiras? Talvez...Provavelmente. Não importava. Aquilo lhe fazia tão bem. Ele tinha uma vontade contrita, de não-ter-sido, de não-ter-estado. Recaída. Precisava urgentemente de uma injeção de ânimo. A única farmácia ficava longe. Já estava fechada. Perdera, perderam-se. Uma doideira desatinada assomava. Ele estacou, ofegou, virou-se, foi embora a passo firme e largo, desditoso e distante, engolindo as três palavras que o orgulho, medo, o inibira impedira de devolver. A consciência calava: silêncio era coisa mais prudente e sugestiva.
