sexta-feira, 7 de agosto de 2009

MADRUGANDO

Ele e dois amigos foram a capital ver a virada cultural. Sabiam que teriam que se virar para manter-se acordados, já que dormir naquela multidão, mesmo em turnos alternados de vigília, seria praticamente impossível. Eles estavam acompanhados de uma mulher. Ele já a conhecia de vista e conversara com ela uma vez sobre o filme Peixe Grande. Nada especial. O grupo viu shows, contou histórias, bebeu vinho barato, contou mais histórias, até que um membro sugeriu que fossem comer alguma coisa. Eles aproveitaram-se do fato de que ela sentira vontade de ir ao banheiro, unindo o útil ao necessário. Visto que não tinham muitas escolhas, adentraram um boteco fedorento qualquer; um desses recintos esquecidos pela vigilância sanitária. Era engraçado ver a reação, a expressão de nojo que tomara conta dela assim que viu o banheiro. Ele imaginou se ela se perguntava "isso é para o uso de seres humanos?". O local parecia algum set de filmes B norte-americanos de terror. As condições eram muito precárias e não havia tranca nas portas. Adivinha quem teve que ficar mais de 15 minutos guardando a porta do banheiro para a donzela apertada?. Ele que mal falava, foi escolhido sem resistência verbal para a tarefa inglória. Ele notou que alguns caras estavam lhe encarando. Também não parava de pensar no que faria se outra mulher aparecesse. Esta podia lhe confundir com um tarado, um pervertido sem-vergonha, sujeito sem moral que faria a alegria de presos numa penitenciária estadual. Ele estava bastante constrangido. Quando saiu do lugar(ele saiu um pouco antes do restante do pessoal), uma garota perdida de Campinas o abordou pedindo informações. Provavelmente a garota o confundira com um guarda de trânsito. O boné preto e a posição dele(que encontrava-se perto do farol)pareciam mais que suficientes para alguém com imaginação e problemas.