sábado, 27 de junho de 2009

MUITO LONGE DE BELÉM

Ele sobrevivera a mais um natal, já se dava por satisfeito. Não houve a comoção familiar que tanto temera durante os dias que precederam a data. Exceto pelo fato de ter sido coagido a dar um presente de natal para alguém, não teve maiores contratempos - é, ele teve que presentear a sobrinha graças aos pedidos insistentes e incisivos da avó, uma mulher que fazia horas extras como sua mãe. Como não fazia idéia do que se dava a um bebê do sexo feminino, deixou que sua mãe escolhesse por conta própria - ela escolheu um vestido multicolorido; exibiu com orgulho para todos, anunciando que era um presente especialmente dado pelo filho. Ele teve que encarar os olhares desconfiados( dele?!) e constrangedores à sua volta. "Ela tinha que escolher um vestidinho cheio de cores espalhafatosas?". Se ao menos fosse um pretinho básico...Ahhh o que estava pensando?. Não acreditava em espírito natalino. Mas todas as madrugadas do dia 25, pouco depois do dia 24 colocar o casaco cinza e voltar para casa, os fantasmas de natais passados lhe visitavam.