domingo, 21 de dezembro de 2008

NAH CHUVA MAIS UMA VEZ: Guerrilha(Sucrilhos)

Não negocio com terroristas, dizia para Nah. Durante o café da manhã, enquanto Nah insistia em extrair mais algumas gotas de ketchup do frasco enrugado, Teresa repetia o de praxe:

- Já arrumou aquela bagunça, querida? Não me venha com guerrilhas fantasiosas outra vez, certo?

- Já vou... - Nah respondia bocejando, olhando para os lados à procura de uma saída de emergência. Todavia, sua mãe tratava de mantê-las fechadas.

- Termine de comer e vá. Já se passaram cinco minutos, sabia?

- Não posso – Nah dizia.

- A Nah de cinco minutos atrás não existe mais. Mortos saldam suas dívidas Dona Teresa - Nah ria. Aprendera um pouco de retórica nas apostilas de filosofia do cursinho.

- Bom, então espero que a nova Nah saiba lavar a louça e passar a roupa – Teresa dizia lentamente, saboreando cada sílaba.

- Quando minha mãe virou a madrasta má?! - dizia estupefata, Nah. Teresa colocava os óculos escuros, pegava a bolsa, virava-se de costas e, acenando dizia:

- Te vejo mais tarde...Tenha um bom dia Cinderela – pendurava avisos na porta do banheiro, da geladeira e do quarto de Nah antes de ir para o trabalho.