segunda-feira, 6 de outubro de 2008

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"Eu continuo vivo", não, não é isso, antes que alguém pense o contrário direi que não trata-se do refrão daquela canção bacana do Pearl Jam - essa expressão resume a sensação que tive ao deixar pra trás um dos maiores cemitérios do estado. Sai de casa pra ir ao teatro, acabei indo a um (o)cemitério; todavia toda história tem um começo e a minha não começou assim. Segunda-feira recebi o convite de um amigo e comparsa de longa data - ele disse que haveria uma apresentação gratuita do apresentador do programa "Provocações" da Cultura, num teatro que fica na capital do estado. Achei o convite meio intelectualóide e repentino, afinal eu vi o programa poucas vezes e, embora atestasse a qualidade não imaginava que o fato fosse entrar pra minha retrospectiva particular do ano. Aceitei, sem muito entusiasmo e laconicamente como de costume. Acordei cedo, encontrei meu comparsa no ônibus, conversamos sobre livros, filmes, música, filosofamos sobre tudo isso e mais um pouco, rimos de coisas bobas como bobos; inclusive, ouvi durante a viagem de ônibus a máxima do dia:"O que sua imaginação permitir e a física adequar" - meu comparsa, um canalha muito espirituoso por sinal, divagava sobre uma fantasia sexual, uma espécie de orgia experimental usando o corredor que dá acesso a catraca, mulheres nuas com as mãos atadas as pequenas alças pretas, similares as de mochilas, que ficavam presas numa barra de ferro superior do ônibus. Eu ri muito. O cara é um pervertido declarado! Eu não sabia ainda, mas aquele dia seria repleto de pérolas negras. Antes de descer do ônibus, vi que meu comparsa olhava com olhos de lobo pra baterista da antiga banda da minha irmã. Ele não sabia, quando contei o cara quis me matar - teimava que eu devia ter lhe apresentado; logo eu, que sou um péssimo relações públicas.