sábado, 13 de dezembro de 2008

NAH CHUVA MAIS UMA VEZ: Nostalgia com Waffles.

O acontecimento despertara o interesse da Nostalgia: Nah lembrou-se da mãe que sempre lhe repreendia por falar com estranhos. A mãe continuava a lhe repreender, pregar-lhe sermões com um martelo enferrujado, entretanto, usava meios mais ortodoxos que as broncas e puxões de orelha da infância. A mãe de Nah não se conformava com as escolhas da filha. Nah saira de casa dois meses atrás e não voltara - não ligava, tampouco retornava as ligações, enviava cartas ou e-mails. Nah chamava de independência o que sua mãe chamada Teresa, chamava de Imprudência. O pai de Nah se separara de sua mãe muito cedo, quando ela tinha apenas seis anos de idade. A mãe de Nah aceitou o divórcio sem relutância, já que a relação desgastara-se bastante e, incomodava-lhe a presença dos pés frios de um estranho em seus lençóis. Ironizava a situação nos jogos de cartas de sexta-feira à noite. Dizia para as amigas que não precisava de vibradores orgânicos. Teresa as convencia de que estava certa e o melhor que faziam, era continuar jogando cartas ao invés do jogo da Verdade. Nesse jogo Teresa sempre perdia. E Teresa odiava perder. Preferia enfrentar o azar no pôquer, as risadas altas e as provocações, o curinga resenhado, os ases, ouros, espadas, pedras e paus, truques e trapaças de Verônika, vizinha e convidada em casos de emergência; quando nem toda lista telefônica podia resolver. Verônika era a substituta natural de Irene, sua irmã gêmea, quando Irene se encontrava perdida e indisposta, flertando com a Depressão no fundo de um poço escuro 4x4. Irene era negra, muito alta, tinha 1, 86 centímetros de altura e aspirações, tornozelos bem torneados, olhos cor de mel e uma voz que encantava e intimidava homens e mulheres em proporções. Ela estudava canto lírico desde os oito anos, mas como faltavam óperas na região, ganhava aplausos e a vida em clubes noturnos de soul e jazz da cidade. Verônika era meio centímetro mais alta, um minuto mais nova e discutia relacionamentos com estranhos no elevador. Morava no terceiro andar do edifício, dois acima da irmã mais velha. Nah considerava-lhe sua tia adotiva favorita. Verônika ensinara Nah a tocar violão e se maquiar. Também lhe ensinou alguns palavrões, a calcular e a desenhar dragões. Não tivera tempo de ensiná-la a jogar pôquer. Lamentava-se por isso. Coube a mãe de Nah ensiná-la a mastigar direito a comida, escovar os dentes, fazer waffles e panquecas de queijo e que óculos escuros e protetores solares são indispensáveis. E que não adiantava, a existência de duendes revolucionários no colchão, um pretexto com o aval da Preguiça, não funcionaria outra vez – Nah teria que arrumar o quarto ou sofreria com castigos e sanções severas. Citações do estatuto de defesa dos direitos da criança e adolescente, acusações de fascismo, greves de fome nem ameaças de atentados aos bons costumes, comoviam, convenciam Teresa de que ela precisava ser mais flexível com a filha.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

NAH CHUVA MAIS UMA VEZ

Nah sentou-se nos fundos do vagão, num assento reservado para idosos, deficientes físicos, gestantes, passageiros com crianças no colo e, extraordinariamente "pessoas socialmente indispostas". Nah tramava uma maneira de tornar sua conduta legalmente aceita - seus olhos vagavam pelo vagão, enquanto imaginava sua licença usurpada ilustrada ao lado das demais. Nah tinha fobia social. Parecia bastante satisfeita hoje, afinal, havia apenas cinco pessoas naquele vagão. Um milagre parecido só feriados prolongados e os minutos finais do fim do dia poderiam proporcionar. Um homem de meia-idade, calvo, com um jornal aberto, sentava-se do lado oposto de Nah. Folheava o caderno de negócios apressadamente. Nah espiava o verso do jornal, assim que o homem dobrava as páginas. Ela tentava entreter os olhos inchados. Gastara o último frasco de colírio, poucas horas antes, durante uma crise repentina de renite. O caderno de negócios não fica longe das palavras cruzadas, imaginava. Bastava um pouco de paciência e, logo, logo estaria testando todo conhecimento que adquirira no Google. No entanto, o homem deteve-se numa página, observou cuidadosamente os índices da bolsa de valores e, deixando um "tsc" escapulir entre o vão dos dentes cerrados, fechou o jornal. Nah perdera a última chance de matar o tempo sem sujar as mãos. Abriu a bolsa, pegou o lápis de olho, desenhou algumas estrelas nas unhas da mão direita. Poucos instantes depois, após apagar o esboço de um coração no dedo anular, Nah adicionou uma lua minguante à estrela solitária do polegar direito. Assim que se virou, notou os olhares de uma garotinha sentada do lado esquerdo do vagão. A garotinha sentava-se do lado da mãe, cujos sentidos oscilavam – ela cochilava indiferente aos avisos de desembarque. A garotinha olhava para Nah, abraçando com força, o que Nah imaginava ser um pingüim de pelúcia azul. A mãe da garotinha nos breves instantes de consciência retocava a maquiagem com a ajuda da janela, retirava o excesso de batom vermelho com um lenço de papel, ajustava a saia curta, justa e vermelha e calçava parcialmente os sapatos de salto alto. Para Nah existia algum tipo de elegância marginal nos modos da mulher; uma vulgaridade sublimada pela graça dos movimentos. Os olhos fundos denunciavam o descaso da mulher com o sono. Nah guardou o lápis de olho, pegou uma barra de cereais e, depois de constatar que o homem de meia-idade já guardara o jornal numa pasta de couro preta, ofereceu timidamente a barra para a garotinha. A garotinha abaixou a cabeça, moveu-a de um lado para o outro, rejeitando a oferta. Nah insistiu gesticulando; esforçava-se para que sua mímica semi-analfabeta fosse compreendida pela criança de 09 anos de idade. A garotinha riu ao ver os gestos tresloucados de Nah; colocou a mão direita nas costas do pingüim de pelúcia, fez alguns movimentos, doravante mexeu o bico dele, revelando um boneco ventríloquo, que até então ocultava. Depois cochichou alguma coisa no ouvido do boneco, abaixou a cabeça e falou, baixinho, com movimentos minuciosamente minúsculos da boca: - Mamãe me disse para não falar com estranhos. Nah pensou, titubeou, pegou o lápis de olho de volta, riscou um balão de diálogo num lenço de papel branco com a frase: “Entendo... Mas e seu amigo?”. Não fala com estranhos também?”. Em seguida pegou outro lenço, escreveu entre parênteses” Ou é tímido demais?”, em letras garrafais. Nah e a garotinha riram. Nah trocara a ordem das mensagens acidentalmente. A garotinha respondeu usando o pingüim como porta-voz: - Falo, mas hoje tô doente... Preciso descansar – fazendo uma expressão triste com o rosto do boneco. A cara dele contrastava com a voz fanha e engraçada que a garotinha usava. Nah então percebeu que havia um termômetro colado com um band-aid, bem debaixo de uma das asas do pingüim. Conteve-se para não rir. Ponderou um instante:” não é nada fácil a vida dessas criaturas nos trópicos “. O dia estava muito quente mais uma vez, no entanto Nah ainda parecia incrédula: recusava-se a acreditar que pingüins de pelúcia sofriam de insolação. Talvez alguns dias numa geladeira confortável fariam bem, divagava. De repente, após uma nova mensagem de desembarque, a mãe da garotinha acordou assustada. Refeita do susto, um devaneio ruim, colocou a mão no rosto da garotinha, alisou-o por um instante e a abraçou com força, amassando o bico do pingüim de pelúcia e amarrotando o vestido rosa da filha. Levantou-se, pegou a filha pela mão e saíram pela porta recém-aberta. A garotinha despediu-se de Nah sorrindo, exibindo as janelas da casa de cálcio( o pagamento das fadas estava em dia), fazendo movimentos com uma asa e o bico amassado do pingüim.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

24 de SETEMBRO

Enquanto voltávamos ao percurso habitual, trombamos com a tia dele por acaso(mundo congestionado!); uma senhora simpatisíssima diga-se de passagem, que nos ofereceu comida(segundo ela uma sopa deliciosa nos aguardava se aceitássemos) - recusamos, ela insistiu, pediu que comêssemos um lanche, tomássemos uma vitamina pelo menos, mas não mudamos de idéia. Estávamos cansados, abatidos, o entusiasmo perdera-se em alguma esquina lá atrás. Visitamos um cinema que a simpática tia de meu comparsa indicou, mas a próxima sessão demoraria umas duas horas e não tínhamos disposição pra uma sequer. Nos despedimos da simpática senhora que mais parecia uma avó saída de algum conto infantil, daquelas que fazem bolinhos de chuva e contam histórias pros netos, tamanha a afabilidade. Caminhamos cerca de meia-hora, até lembrarmos da recomendação dada pela simpática senhora(acredite, mesmo que eu soubesse o nome dela, ele não a descreveria melhor): ela nos mostrou um ponto e o horário onde poderíamos pegar um ônibus que nos levaria direto pra casa, sem rodeios e baldeações. Não conversamos muito na volta, estávamos imersos em nossos próprios mundos particulares; ouvíamos música, de vez em quando ríamos sozinhos, nada digno de mais um parágrafo . Meu comparsa sugeriu que eu fosse a casa dele ainda, tomar alguma coisa, esticar a conversa, mas eu só pensava em esticar minhas pernas - recusei a oferta, nos despedimos e sabíamos que cada um trazia na mochila mais do que embalagens de barras de cereais e uma garrafa de água vazia.

sábado, 8 de novembro de 2008

24 X

Desistimos e voltamos a caminhar. Se ao menos tivéssemos lancheiras, teríamos alguns sanduíches de mortadela(atum em dias melhores) Ríamos da idéia de uma excursão escolar frustrada - o ânimo definhava, mas restava-nos uma fatia de humor. Vimos um cemitério enorme, parecia uma cidadezinha de mortos e, embora pareça bizarro, o lugar era muito bonito. Tumbas, câmaras mortuárias, criptas, lápides, jazigos, capelinhas e todo tipo de arquitetura gótica e renascentista, às vezes com inscrições em latim(a língua dos mortos), dividiam espaço com ipês amarelos e roxos. Me perguntava como seria sugestivo o nome das localidades ali: rua das Lamentações, esquina da Redenção, alameda dos Anjos, bairro dos apóstolos e uma infinidade de bobagens iam-vinham-iam à minha cabeça. O que nos impressionava era o tamanho do cemitério - nos perdíamos na vastidão dele. Entramos pelo portão dos fundos, suponho que não há ou havia um vigia. A tranqüilidade que senti naquele lugar é indescritível. Olhávamos, fotográfavamos, imaginei se as fotos revelariam alguma manifestação espiritual/ ectoplásmica, contudo percebi que isso não passava de um roteiro de filme B tailandês - até arrisquei algumas notas no violão, depois de olhar a minha volta e perguntar com os olhos pro meu amigo se "eles se importariam". Vi gatos, muitos deles, formavam um tipo de gangue e nos observavam curiosos a distância. Fotografei alguns, não era fácil, eles fugiam quando me aproximava - imagino que não gostem de paparazzos. Havia algumas folhas secas(pedaços de Outono)em cima de alguns túmulos; imagens de santos e santas, esculturas, o tradicional Cristo sôfrego, flores de todas as cores, cheiros e preços, retratos antigos em sépia ou preto e branco que mostravam homens de bigode, terno e gravata, mulheres com penteados de época, algumas bonitas, outras nem tanto; algumas, raras de fato, exibiam a natureza artística impressa no rosto(talvez fossem cantoras de rádio, atrizes de tv e cinema, poetisas, pintoras, não sei) Muitas morreram jovens, na aurora da vida, o epitáfio me dizia. Havia imigrantes europeus, japoneses, cogitei a hipótese de um Yakuza estar enterrado no meio deles. Procurei famílias com meu sobrenome, não achei nenhuma, quem sabe com um pouco mais de esforço. Quando nos preparávamos pra voltar para casa, meu comparsa avistou uma jovem muito bonita: ela tinha a pele alva, usava óculos escuros, uma blusa preta e calça preta, um coturno preto e uma bolsa cinza coala. Meu comparsa se apaixonou instantaneamente pela gótica - deve ser a primavera, ele fica muito suscetível nessa época do ano. Ele falou bastante dela enquanto voltávamos, fez planos, ensaiou encontros imaginários, escolheu o nome dos filhos que teriam juntos, etc.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

24 [3]

Prosseguimos a viagem a pé e a passos. Ele me mostrou um mapa que imprimira um dia antes, tive que confiar nos dotes ocultos de navegador dele, não tinha opção, tampouco fazia alguma idéia de onde e quando chegaríamos. Percorremos um bairro nobre de São Paulo, uma parte da cidade que deu certo: construções bonitas, ruas arborizadas, algumas com árvores de caules imensos; pareciam sequóias africanas, calçadas limpas, um lugarzinho bem agradável de se ver. Encontramos um senhor, um verdadeiro trovador, que bradava com um jornal em mãos que a polícia entrara em greve, enquanto nos encarava com um semblante etílico que tantas vezes presenciáramos na vida. Por incrível que pareça não nos perdemos e menos de uma hora depois avistamos o teatro. Esperamos num banco típico de praça a abertura do guichê. Enquanto degustávamos as barras de cereais, meu comparsa recebeu o telefonema de outro comparsa, o que o convidara em primeira instância - ele estava a caminho e parecia perdido. Meu comparsa fez o que pode pra orientá-lo, eu resolvi comprar água. Não foi fácil, não havia uma única padaria ou boteco nas redondezas, eu só avistava restaurantes luxuosos e me perguntava se vendiam garrafas de água nesses lugares. Depois de uns vinte minutos de caminhada achei um oásis, digo boteco. Bairros burgueses são inviáveis pra mim, imaginei. Quando o guichê abriu veio a surpresa: a peça seria apresentada estritamente pra alunos de uma universidade local. Meu amigo protestava em silêncio, assim que o silêncio lhe pareceu barulhento, me confessou que não xingara a moça do guichê porque ela era muito educada e bonita, sobretudo do lado dela havia um segurança, um desses leões de chácara que o desencorajava com os olhos e o intimidava com os músculos. Voltamos rindo de nossa própria desgraça, ironizando, satirizando nossa falta de sorte. Hipotetizamos a possibilidade de tudo não ter passado de uma pegadinha; talvez estivéssemos em algum tipo de reality show, no entanto por mais que eu procurasse não encontrava sinais das câmeras escondidas - era real, e não era legal. Nosso comparsa perdido ligou outra vez, disse que chegara lá, meu amigo lhe contou o ocorrido e pediu que ele tentasse persuadir uma amiga que era estudante da universidade a ir até lá com dois amigos e conseguir os ingressos. Mas não dava mais tempo, ele não ligava de volta, esperávamos sentados e cansados num ponto de ônibus. Eu tocava uma música no violão recém-adquirido por meu comparsa, pessoas passavam, olhavam, algumas admiravam, outras riam, esqueciam e se iam.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

24²

Começamos nossa longa caminhada subindo uma avenida movimentada; carros, faróis, prédios e de vez em quando gente de verdade. Eu carregava minha mochila no toráx e abdome, parecia um marsupial e meu comparsa, biólogo formado, não pode deixar de rir bastante com meu comentário - emendou, no tom sarcástico e irônico habitual que "marsupial no Brasil é gambá". Ele flertava através de olhares com as moças bonitas que passavam(ou passeavam) em ônibus, admirava solitariamente algumas sílfides desavisadas que cruzavam nosso caminho - eu via tudo e ria comigo mesmo. Ele brincava dizendo que se não éramos irmãos em outra vida, éramos farinha do mesmo saco - só isso explicaria nossa sincronia nos pensamentos. Muitas vezes nem falamos nada, um apenas olha pro outro e sabe, é como a telepatia que você não encontra nos filmes de ficção. Meu comparsa trazia na mochila barras de cereais com chocolate prum inverno inteiro, placas de rede que eu havia lhe entregado antes por medo de esquecer depois, baquetas e esperanças. Como havíamos combinado, assim que chegamos numa rua famosa por ser um antro musical(há lojas de instrumentos nas quatro direções), fomos ver um violão pelo qual meu comparsa se apaixonara menos de uma semana atrás. Ele não toca o instrumento; faz conservatório de bateria há menos de três meses, tem um baixo mas não sabe tocá-lo também, no entanto é um colecionador de instrumentos dedicado - ele tenciona aprender a tocar todos eles um dia. Ele diz que toca berrante, mas não sei se é verdade nem sei se existe uma escala musical pra isso. Testei o violão durante alguns minutos, dei um veredicto positivo; gostei do instrumento - geralmente sou um cliente chato, testo muitos instrumentos e não levo nenhum e dessa vez não seria diferente, mas meu comparsa estava apaixonado pelo violão e o amor fez com que ele estragasse meus planos - fechou negócio com o vendedor poucos minutos depois. Ele parecia uma criança com um brinquedo novo.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

24 - (0)

"Eu continuo vivo", não, não é isso, antes que alguém pense o contrário direi que não trata-se do refrão daquela canção bacana do Pearl Jam - essa expressão resume a sensação que tive ao deixar pra trás um dos maiores cemitérios do estado. Sai de casa pra ir ao teatro, acabei indo a um (o)cemitério; todavia toda história tem um começo e a minha não começou assim. Segunda-feira recebi o convite de um amigo e comparsa de longa data - ele disse que haveria uma apresentação gratuita do apresentador do programa "Provocações" da Cultura, num teatro que fica na capital do estado. Achei o convite meio intelectualóide e repentino, afinal eu vi o programa poucas vezes e, embora atestasse a qualidade não imaginava que o fato fosse entrar pra minha retrospectiva particular do ano. Aceitei, sem muito entusiasmo e laconicamente como de costume. Acordei cedo, encontrei meu comparsa no ônibus, conversamos sobre livros, filmes, música, filosofamos sobre tudo isso e mais um pouco, rimos de coisas bobas como bobos; inclusive, ouvi durante a viagem de ônibus a máxima do dia:"O que sua imaginação permitir e a física adequar" - meu comparsa, um canalha muito espirituoso por sinal, divagava sobre uma fantasia sexual, uma espécie de orgia experimental usando o corredor que dá acesso a catraca, mulheres nuas com as mãos atadas as pequenas alças pretas, similares as de mochilas, que ficavam presas numa barra de ferro superior do ônibus. Eu ri muito. O cara é um pervertido declarado! Eu não sabia ainda, mas aquele dia seria repleto de pérolas negras. Antes de descer do ônibus, vi que meu comparsa olhava com olhos de lobo pra baterista da antiga banda da minha irmã. Ele não sabia, quando contei o cara quis me matar - teimava que eu devia ter lhe apresentado; logo eu, que sou um péssimo relações públicas.